Regresso
Já lá vão quase quatro meses desde que escrevi aqui, para vocês, para as quase 300 pessoas que viram o meu blog. Obrigado a todos vocês, conhecidos ou anónimos, que perderam tempo para ler textos que escrevo ocasionalmente 💓
Antes de começar com a dose de poesia, quero-vos explicar porque tive tanto tempo no silêncio. É simples, não passei cá esse tempo, estive no campo numa terrinha rural pequena onde não há quaisquer tipo de ligação à internet (exceto a que engendrei usando Bluetooth, mas essa era tão fraca que achei que não abria sequer o Google Chrome, daí não ter postado nada.) Também comecei agora a jornada universitária em Setembro, na Faculdade de Letras em Lisboa, o que me tira muito tempo, daí não ter publicado nada desde que voltei da terrinha nos inícios de Setembro. Mas não se preocupem, escrevi muitos poemas desde Julho, e este post vai ser ENORME para vos poder compensar quatro meses de silêncio.
O primeiro poema que vos quero trazer (desculpem se não há desta vez uma introdução própria, como nos outros) é baseado numa frase que disse a uma amiga muito próxima minha, que foi: "Acho que todos os meus amigos são estrelas, pela forma como brilham no meu coração". Na verdade, os meus amigos são talvez a coisa mais importante que tenho e prezo-os bastante, sendo capaz de transpor montanhas só para os ver a sorrir e fazê-los esquecer de qualquer coisa que os atormente, nem que seja por momentos céleres. É para isso que servem os amigos, certo?
Também escrevi este poema não só como uma demonstra de gratidão para com eles mas para me poder sentir melhor sobre ir para a universidade e estar longe deles a maior parte do dia e porque tenho uma amiga muito próxima de mim também que se vai mudar para longe, por causa da sua universidade. Este poema também é para ela, porque a adoro bastante.
O primeiro terceto é sobre não termos o controlo do tempo, aludido pelos "grãos de areia que escorrem da ampulheta". O meu pensamento foi a ampulheta, que é o símbolo utilizado às vezes para o tempo, é o que controla o tempo, porque prende a "substância do tempo" que são os grãos de areia dentro de um vidro. Mas se esse vidro estiver partido, como há o controlo do tempo se os grãos saem da ampulheta? Por isso a única coisa que posso fazer é olhar para a frente, isto é, viver a vida.
O segundo terceto é mais sobre ir para a universidade, a ansiedade e o nervosismo que trouxe ("O tempo acelera o meu coração", isto é, fá-lo bater mais rápido) e andar sem ter um futuro definido, que é expresso por "tatear no escuro, sem ter a estrada garantida". O "não poder parar de andar" refere-se ao facto de nós não podemos parar no tempo, decidir parados, temos sempre que continuar a andar. É outra vez mais uma referência à impossibilidade do ser humano como controlador do tempo.
Agora o terceiro terceto é aonde começa a metáfora das estrelas = amigos. Como tinha dito logo no início, este poema todo foi baseado numa frase que tinha dito aonde os comparo a estrelas que brilham. Logo o primeiro verso indica que este poema não assume emoções felizes, pelo contrário, é um poema triste. É sobre eu não os ver possivelmente na universidade, porque cada um de nós seguiu diferentes caminhos, todos ao mesmo tempo, daí terem-se "apagado em conjuntos", ou seja, já não estarei com eles tanto como dantes. Os versos "Todas elas se desvanecem no vasto céu azul,/E não saberei se as voltarei a ver brilhar." significam que durante o dia eles desaparecem porque temos todos aulas, vida durante o dia e afins. É só durante o dia, porque digo "céu azul", isto é importante porque durante a noite somos todos iguais, estamos juntos, não fisicamente, mas por telemóvel, mensagens e outras formas, e é isto o que o "E não saberei se as voltarei a ver a brilhar" diz, fala de uma incerteza, porque estarmos com alguém por mensagem não é o mesmo que em pessoa, ver-lhes o "brilho".
Os três versos a seguir são quando ocorre uma mudança no tom melancólico do poema, torna-se um pouco mais feliz, mas saudoso. "Dizem que no fim do dia vamos estar juntos" foi algo que uma amiga (uma terceira) me disse quando lhe falei da insegurança que sinto por estar longe de todos os amigos que amo, e é uma frase que me vai ancorar em porto bom, durante este tempo que passo na universidade e no futuro em geral. "Nesse momento, quero olhar para sul" é um verso algo difícil de compreender e a maioria vai achar que é só para manter o esquema rimático e rimar com "azul", mas não. A linha de pensamento foi nós andamos para a frente, e a estrela polar, que é a estrela que nos guia para a frente (conversa de navegadores agora) guia para o norte. Ou seja, se olhar para sul é como se estivesse a olhar para o passado, para trás. O que quero dizer nesse verso é quando o fim do dia chegar e estiver com eles, quero que o tempo pare, não ande para a frente, para norte, e fique aonde está. Não é andar para o sul, para o passado, é só olhar para ele. A razão disto é logo dita no verso seguinte, "Porque o brilho será eterno no meu olhar.", que veicula a ideia de que se estiver com eles ou mais tempo que o normal ou quando o tempo parar, poderei recordá-los para sempre, "o brilho será eterno".
A quinta estrofe deve ser a mais metafórica, com referências a outras obras (Principezinho de Antoine de Saint-Exupéry). Abre com "Viverei na lua, para poder estar ao vosso lado," dando logo a ideia de querer estar mais próximo deles, porque quando a noite chega, só há estrelas e a lua, e se viver na lua estarei sempre próximo. "Quero ser o principezinho da vossa constelação," é a referência ao livro do mesmo nome, onde o Principezinho passa por planetas. Eu sei, não são estrelas, mas não acabei. Os fãs mais ávidos de astronomia saberão que uma designação que se dá a Vénus (o planeta) é estrela da manhã ou da tarde, e como representa a deusa Vénus (ou Afrodite), dotada de extrema beleza, quero assim dizer que todas estas "estrelas" são belas. A ideia de estrela como guia do caminho surge novamente no verso seguinte "E vocês o farol que me mostra o porto seguro.", este "porto seguro" um sítio que me apazigua a insegurança e incerteza de os voltar a ver.
A última estrofe tem a dupla ideia de melancolia e felicidade, nos dois primeiros versos: Mas sei que nada dura, quem me dera estar errado!/Mas sei que quando forem, deixarão luz no meu coração,"
O próximo poema foi um dos primeiros que escrevi em Agosto (que, digo já, foi uma das melhores "fases", se é que lhe posso chamar assim, de poesia que já tive, onde escrevi dois poemas que considero dos melhores de sempre). Chama-se "O Último Adeus":
Nota que gostaria de realçar, desde que escrevi este poemas em Agosto que me esqueci de praticamente tudo o que estava a pensar, metáfora e afins, por isso estes deverão ser mais curtos na explicação. Ora bem, este poema surgiu-me duma ideia que tive sobre inverter um dos maiores clichés da cinematografia romântica (se é que tal expressão existe, mas vocês percebem), que é a cena, quase fundamental, onde o herói e a sua amada estão no aeroporto ou estação (geralmente aeroporto) e ela vai-se embora, para no último segundo o nosso herói dizer que a ama e ficam juntos e o resto já sabem. Este poema aborda (em linhas um pouco largas, sob a minha lupa) o que aconteceria se o herói não a interpelasse e a deixasse partir. Penso que o poema não precisa de ser explicado, é basicamente apenas um cliché virado do avesso.
Neste poema acho que a única referência que tenho é a do verso onde diz "Se a Terra é teatro", que não passa duma modificação ligeira dum verso do poema do "Quinto Império", escrito por Fernando Pessoa na Mensagem: "A Terra será teatro".
O quarto poema que trago é intitulado de "Essência", que penso ter sido escrito umas horas antes ou até imediatamente antes do "Único". Relendo-o, creio não haver metáforas como costumo fazer, sendo um poema mais simples e de fácil compreensão:
Saudade de alguém que nunca existiu
Mas que vive lá no fundo, dentro da nossa mente
Alguém que não vive, mas que viveu
Em cada clamor do coração descontente
Esse alguém, o nosso verdadeiro eu
Vai, liberta o teu espírito, liberta a tua mente
Renova o teu tempo, renova a estação
E corre no prado, alegre e sorridente
Acorda o teu verdadeiro coração
Este próximo poema aborda a minha temática do amor, mais para o lado da luxúria e prazeres carnais.
Intitulado de "Fogo Eterno", fala desse ato que todos desejamos, de uma forma, devo dizer, clara:
Antes de começar com a dose de poesia, quero-vos explicar porque tive tanto tempo no silêncio. É simples, não passei cá esse tempo, estive no campo numa terrinha rural pequena onde não há quaisquer tipo de ligação à internet (exceto a que engendrei usando Bluetooth, mas essa era tão fraca que achei que não abria sequer o Google Chrome, daí não ter postado nada.) Também comecei agora a jornada universitária em Setembro, na Faculdade de Letras em Lisboa, o que me tira muito tempo, daí não ter publicado nada desde que voltei da terrinha nos inícios de Setembro. Mas não se preocupem, escrevi muitos poemas desde Julho, e este post vai ser ENORME para vos poder compensar quatro meses de silêncio.
O primeiro poema que vos quero trazer (desculpem se não há desta vez uma introdução própria, como nos outros) é baseado numa frase que disse a uma amiga muito próxima minha, que foi: "Acho que todos os meus amigos são estrelas, pela forma como brilham no meu coração". Na verdade, os meus amigos são talvez a coisa mais importante que tenho e prezo-os bastante, sendo capaz de transpor montanhas só para os ver a sorrir e fazê-los esquecer de qualquer coisa que os atormente, nem que seja por momentos céleres. É para isso que servem os amigos, certo?
Também escrevi este poema não só como uma demonstra de gratidão para com eles mas para me poder sentir melhor sobre ir para a universidade e estar longe deles a maior parte do dia e porque tenho uma amiga muito próxima de mim também que se vai mudar para longe, por causa da sua universidade. Este poema também é para ela, porque a adoro bastante.
"Estrelas"
O tempo foge da minha mão,
Como grãos de areia que escorrem da ampulheta,
E não posso fazer nada, senão viver a vida.
O tempo acelera o meu coração,
Que tateia no escuro sem ter uma certeza,
E não posso parar de andar, mesmo sem a estrada garantida.
As estrelas que me iluminam desligam-se em conjuntos,
Todas elas se desvanecem no vasto céu azul,
E não saberei se as voltarei a ver brilhar.
Dizem que no fim do dia vamos estar juntos,
Nesse momento, quero olhar para sul,
Porque o brilho será eterno no meu olhar.
Viverei na lua, para poder estar ao vosso lado,
Quero ser o principezinho da vossa constelação,
E vocês o farol que me mostra o porto seguro.
Mas sei que nada dura, quem me dera estar errado!
Mas sei que quando forem, deixarão luz no meu coração,
E saberei para onde ir quando tudo voltar a ficar escuro.
[12 Setembro 2018]
O primeiro terceto é sobre não termos o controlo do tempo, aludido pelos "grãos de areia que escorrem da ampulheta". O meu pensamento foi a ampulheta, que é o símbolo utilizado às vezes para o tempo, é o que controla o tempo, porque prende a "substância do tempo" que são os grãos de areia dentro de um vidro. Mas se esse vidro estiver partido, como há o controlo do tempo se os grãos saem da ampulheta? Por isso a única coisa que posso fazer é olhar para a frente, isto é, viver a vida.
O segundo terceto é mais sobre ir para a universidade, a ansiedade e o nervosismo que trouxe ("O tempo acelera o meu coração", isto é, fá-lo bater mais rápido) e andar sem ter um futuro definido, que é expresso por "tatear no escuro, sem ter a estrada garantida". O "não poder parar de andar" refere-se ao facto de nós não podemos parar no tempo, decidir parados, temos sempre que continuar a andar. É outra vez mais uma referência à impossibilidade do ser humano como controlador do tempo.
Agora o terceiro terceto é aonde começa a metáfora das estrelas = amigos. Como tinha dito logo no início, este poema todo foi baseado numa frase que tinha dito aonde os comparo a estrelas que brilham. Logo o primeiro verso indica que este poema não assume emoções felizes, pelo contrário, é um poema triste. É sobre eu não os ver possivelmente na universidade, porque cada um de nós seguiu diferentes caminhos, todos ao mesmo tempo, daí terem-se "apagado em conjuntos", ou seja, já não estarei com eles tanto como dantes. Os versos "Todas elas se desvanecem no vasto céu azul,/E não saberei se as voltarei a ver brilhar." significam que durante o dia eles desaparecem porque temos todos aulas, vida durante o dia e afins. É só durante o dia, porque digo "céu azul", isto é importante porque durante a noite somos todos iguais, estamos juntos, não fisicamente, mas por telemóvel, mensagens e outras formas, e é isto o que o "E não saberei se as voltarei a ver a brilhar" diz, fala de uma incerteza, porque estarmos com alguém por mensagem não é o mesmo que em pessoa, ver-lhes o "brilho".
Os três versos a seguir são quando ocorre uma mudança no tom melancólico do poema, torna-se um pouco mais feliz, mas saudoso. "Dizem que no fim do dia vamos estar juntos" foi algo que uma amiga (uma terceira) me disse quando lhe falei da insegurança que sinto por estar longe de todos os amigos que amo, e é uma frase que me vai ancorar em porto bom, durante este tempo que passo na universidade e no futuro em geral. "Nesse momento, quero olhar para sul" é um verso algo difícil de compreender e a maioria vai achar que é só para manter o esquema rimático e rimar com "azul", mas não. A linha de pensamento foi nós andamos para a frente, e a estrela polar, que é a estrela que nos guia para a frente (conversa de navegadores agora) guia para o norte. Ou seja, se olhar para sul é como se estivesse a olhar para o passado, para trás. O que quero dizer nesse verso é quando o fim do dia chegar e estiver com eles, quero que o tempo pare, não ande para a frente, para norte, e fique aonde está. Não é andar para o sul, para o passado, é só olhar para ele. A razão disto é logo dita no verso seguinte, "Porque o brilho será eterno no meu olhar.", que veicula a ideia de que se estiver com eles ou mais tempo que o normal ou quando o tempo parar, poderei recordá-los para sempre, "o brilho será eterno".
A quinta estrofe deve ser a mais metafórica, com referências a outras obras (Principezinho de Antoine de Saint-Exupéry). Abre com "Viverei na lua, para poder estar ao vosso lado," dando logo a ideia de querer estar mais próximo deles, porque quando a noite chega, só há estrelas e a lua, e se viver na lua estarei sempre próximo. "Quero ser o principezinho da vossa constelação," é a referência ao livro do mesmo nome, onde o Principezinho passa por planetas. Eu sei, não são estrelas, mas não acabei. Os fãs mais ávidos de astronomia saberão que uma designação que se dá a Vénus (o planeta) é estrela da manhã ou da tarde, e como representa a deusa Vénus (ou Afrodite), dotada de extrema beleza, quero assim dizer que todas estas "estrelas" são belas. A ideia de estrela como guia do caminho surge novamente no verso seguinte "E vocês o farol que me mostra o porto seguro.", este "porto seguro" um sítio que me apazigua a insegurança e incerteza de os voltar a ver.
A última estrofe tem a dupla ideia de melancolia e felicidade, nos dois primeiros versos: Mas sei que nada dura, quem me dera estar errado!/Mas sei que quando forem, deixarão luz no meu coração,"
A ideia aqui foi que eventualmente vou ter que aceitar a realidade como ela é, sorrir pelas memórias todas que pude partilhar com eles, e amá-los por isso, não significando necessariamente que os deixarei de ver, mas que caso esse cenário aconteça, estarei já pronto emocionalmente para lidar com isso. E é aqui onde vem o verso final: "E saberei para onde ir quando tudo voltar a ficar escuro."
Quando esse momento chegar, onde me verei sozinho, longe deles se o futuro nos separar por muito muito tempo, saberei criar amizades, aonde seguir, que passos dar no futuro. Porque eles estiveram lá para me ajudar e tudo o que me ensinaram irá-me ajudar na vida.
Quando esse momento chegar, onde me verei sozinho, longe deles se o futuro nos separar por muito muito tempo, saberei criar amizades, aonde seguir, que passos dar no futuro. Porque eles estiveram lá para me ajudar e tudo o que me ensinaram irá-me ajudar na vida.
Como vêem, esse poema tinha muito que falar e é o que fiz. Dei-lhe a voz de forma clara para que todos a ouvissem sem enganos.
O próximo poema foi um dos primeiros que escrevi em Agosto (que, digo já, foi uma das melhores "fases", se é que lhe posso chamar assim, de poesia que já tive, onde escrevi dois poemas que considero dos melhores de sempre). Chama-se "O Último Adeus":
"O Último Adeus"
Acabou.
O tempo voou.
Para além de tudo o que nós fizemos
ou que não chegámos a fazer.
Nada disso importa agora.
Aceno-te.
Pela última vez.
Vejo-te a desapareceres no horizonte
com a tua figura esboçando-se cada vez mais distante.
Nada mais resta na memória.
Pela última vez.
Vejo-te a desapareceres no horizonte
com a tua figura esboçando-se cada vez mais distante.
Nada mais resta na memória.
Hesito.
Não sei se te sigo.
Deixo-me ficar em pé no passeio
porque não quis que viesse, mas veio.
O momento onde te deixo ir.
Não sei se te sigo.
Deixo-me ficar em pé no passeio
porque não quis que viesse, mas veio.
O momento onde te deixo ir.
Sozinho.
Só resto eu agora.
Não voltaremos a ver-nos mais
após as nossas despedidas finais.
Arrependo-me de te ter deixado fugir.
Só resto eu agora.
Não voltaremos a ver-nos mais
após as nossas despedidas finais.
Arrependo-me de te ter deixado fugir.
E agora, sóbrio de ti, do calor ardente da paixão
Renuncio a tudo o que me faz lembrar de ti
Não posso ficar ébrio de memórias passadas.
Que desvanecem com o tempo fugidio
Lavo a cara, largo um sorriso.
O último que me causarás.
E no meu íntimo, digo-te adeus.
Renuncio a tudo o que me faz lembrar de ti
Não posso ficar ébrio de memórias passadas.
Que desvanecem com o tempo fugidio
Lavo a cara, largo um sorriso.
O último que me causarás.
E no meu íntimo, digo-te adeus.
[Agosto de 2018]
Nota que gostaria de realçar, desde que escrevi este poemas em Agosto que me esqueci de praticamente tudo o que estava a pensar, metáfora e afins, por isso estes deverão ser mais curtos na explicação. Ora bem, este poema surgiu-me duma ideia que tive sobre inverter um dos maiores clichés da cinematografia romântica (se é que tal expressão existe, mas vocês percebem), que é a cena, quase fundamental, onde o herói e a sua amada estão no aeroporto ou estação (geralmente aeroporto) e ela vai-se embora, para no último segundo o nosso herói dizer que a ama e ficam juntos e o resto já sabem. Este poema aborda (em linhas um pouco largas, sob a minha lupa) o que aconteceria se o herói não a interpelasse e a deixasse partir. Penso que o poema não precisa de ser explicado, é basicamente apenas um cliché virado do avesso.
O próximo poema chama-se "Único", e este foi escrito num momento positivo da minha vida. Eu nessa altura andava a sair de depressões (se é que chegaram a isso, eram mais sensações de vazio emocional e de valor) a torto e a direito. Tinha acabado sobretudo de perder (e ainda nem sei porquê) um dos amigos mais próximos que tinha na altura e sentia-me mal com isso (agora já o esqueci e duvido que vá voltar a ser amigo dele), então escrevi este poema, como "antidepressivo", e fiquei feliz com o resultado.
"Único"
Sê feliz, tal como tu és
Não tens que te mudar para seres aceite
Desfruta deste momento com deleite
Enquanto o mundo jaz aos teus pés.
Não tens que superar nenhuma fasquia alta
És tu quem tem o controlo da tua vida
Não te percas nesses becos sem saída
Que te querem afastar da luz da tua ribalta.
Se a Terra é teatro, então a vida é a peça
E as cortinas sobem para dar início
ao espetáculo que vivemos.
Ama-te como és, não caias nessa
armadilha perigosa, nesse nefasto vício
de fingirmos ser quem nunca seremos.
[Agosto de 2018]
Neste poema acho que a única referência que tenho é a do verso onde diz "Se a Terra é teatro", que não passa duma modificação ligeira dum verso do poema do "Quinto Império", escrito por Fernando Pessoa na Mensagem: "A Terra será teatro".
O quarto poema que trago é intitulado de "Essência", que penso ter sido escrito umas horas antes ou até imediatamente antes do "Único". Relendo-o, creio não haver metáforas como costumo fazer, sendo um poema mais simples e de fácil compreensão:
"Essência"
É no sonho onde reside a essência da verdade
Onde a pureza se mistura com os desejos da alma
Um lugar onde somos nós mesmos, numa calma
que atrai o sorriso da saudade
Onde a pureza se mistura com os desejos da alma
Um lugar onde somos nós mesmos, numa calma
que atrai o sorriso da saudade
Saudade de alguém que nunca existiu
Mas que vive lá no fundo, dentro da nossa mente
Alguém que não vive, mas que viveu
Em cada clamor do coração descontente
Esse alguém, o nosso verdadeiro eu
Pede para ser libertado, conhecer a realidade
És tu o resultado de tudo o que a vida lhe deu
Ele é o teu verdadeiro eu, que quer ser verdade
És tu o resultado de tudo o que a vida lhe deu
Ele é o teu verdadeiro eu, que quer ser verdade
Vai, liberta o teu espírito, liberta a tua mente
Renova o teu tempo, renova a estação
E corre no prado, alegre e sorridente
Acorda o teu verdadeiro coração
[Agosto de 2018]
Este poema segue um pouco a temática do fingimento da personalidade que descrevo no "Único"; baseando-me num dos temas que me são mais queridos: o sonho e o ato de sonhar. Duma certa forma, este poema é uma transcrição do meu pensamento de que quando nos sonhamos nos nossos sonhos, nós sonhamos com quem somos realmente (talvez exagerado um pouco aqui ou acolá, mas os traços principais estão presentes). É disto que falo neste poema: devemos abraçar o que nos faz ser nós e não fingirmos ou pormos uma máscara (que é um dos meus temas mais para o presente) para sermos quem não somos. E que dentro de nós está sempre o nosso "eu", a observar o que nós fazemos quando estamos a fingir ser outro.
Este próximo poema aborda a minha temática do amor, mais para o lado da luxúria e prazeres carnais.
Intitulado de "Fogo Eterno", fala desse ato que todos desejamos, de uma forma, devo dizer, clara:
"Fogo Eterno"
Vejo um brilho no teu olhar.
Um vislumbre da tua paixão, da tua lascívia,
Que vive nos teus gestos, em cada carícia,
Como se me quisesses enfeitiçar.
Um vislumbre da tua paixão, da tua lascívia,
Que vive nos teus gestos, em cada carícia,
Como se me quisesses enfeitiçar.
O meu nome soa-me tão doce quando o dizes,
Envolto no mel que é a tua voz.
Escondemo-nos um no outro, fugindo da realidade atroz,
Para um paraíso onde vivemos felizes.
Envolto no mel que é a tua voz.
Escondemo-nos um no outro, fugindo da realidade atroz,
Para um paraíso onde vivemos felizes.
Rendes-te ao fogo que te consome, adorando
o calor que te aquece corpo e alma
Amantes eternos, residimos na calma
Sabendo que não fizemos nada de errado
o calor que te aquece corpo e alma
Amantes eternos, residimos na calma
Sabendo que não fizemos nada de errado
O fogo queima lento.
Nós dois juntos, eternos servos do Amor!
Nada apagará esta chama que arde com vigor
Nem a Chuva, nem o Vento.
Nós dois juntos, eternos servos do Amor!
Nada apagará esta chama que arde com vigor
Nem a Chuva, nem o Vento.
[Agosto de 2018]
Nada tenho que acrescentar ao poema, ou explicar, já que como alguns outros são relativamente simples e fáceis de entender. Realço apenas os dois últimos versos ("Nada apagará esta chama que arde com vigor/Nem a Chuva, nem o Vento"), que significam que nada irá afastar os dois amantes que figuram no poema, nem tristezas ou depressões ("Chuva") nem discussões, má-línguas e fúrias ("Vento").
O último poema que vos vou mostrar aqui chama-se "Navegador". Não é o último que fiz, mas tenciono por os outros que acho "melhores" e mais interessantes num post à parte, a seguir deste.
O poema "Navegador" aborda a temática do sonho, uma das minhas prediletas, enquanto combina-a com a minha parte histórica favorita portuguesa: a da expansão marítima. (Só porque fala de barcos e de navegar, mas deixem lá esta passar):
O poema "Navegador" aborda a temática do sonho, uma das minhas prediletas, enquanto combina-a com a minha parte histórica favorita portuguesa: a da expansão marítima. (Só porque fala de barcos e de navegar, mas deixem lá esta passar):
"Navegador"
Navego, navego por mares,
De sonho e fantasia.
Navego, navego por outros ares,
Com o cheiro a maresia.
Navego, navego na realidade,
De noite e de dia.
Navego muito, é verdade,
E às vezes navego em agonia.
Navego, sem ser navegador,
Navego, porque sou sonhador.
E gosto de navegar, porque nesses mares
De sonho e fantasia,
Estás lá, minha amada companhia!
E gosto de navegar por esses outros ares,
Com o cheiro a maresia,
Porque és a sereia que me guia!
E quando navego à noite és a estrela polar,
E quando navego em agonia és tu quem me vai salvar.
Não sou navegador, não
Mas por mares de sonho o leme é o coração.
[30 Agosto 2018]
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